terça-feira, 15 de junho de 2010

Convenções nacionais dão o tom das campanhas de Dilma e Serra


Por Natuza Nery e Fernando Exman
BRASÍLIA (Reuters) - O tucano José Serra vestia a camisa da seleção quando anunciou sua campanha na véspera. Dilma Rousseff trajava um terno vermelho na convenção deste domingo e exaltava a cor do partido ao qual se filiou há uma década.
Os dois adversários inauguram a disputa presidencial deste ano rivalizando "o Brasil que pode mais" oposicionista com o "seguir mudando" governista.
Serra escolheu o maior colégio eleitoral do Nordeste, a Bahia, para formalizar seu nome. Dilma fez o mesmo em um tradicional reduto político: a capital do país, e apostou massivamente no voto feminino. Ela lidera as pesquisas de opinião entre nordestinos, mas perde nesse corte de gênero, apesar de já ter crescido.
"Quero ser a primeira presidente no comando do país," dizia a candidata nesta tarde.
A ex-ministra tinha seu lado Michel Temer, o vice de sua chapa, e fez um discurso quase sem ataques diretos. O ex-governador de São Paulo posava sozinho na foto; elevava suas críticas ao governo e realçava sua experiência política contra a rival "paraquedista."
"Não comecei ontem. Não caí de paraquedas," disse Serra.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o destaque na festa petista. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em viagem ao exterior, mandava apenas uma mensagem aos convencionais. Foi o mineiro Aécio Neves (PSDB) quem tratou de agitar a celebração do dia anterior.
Tanto Dilma quanto Serra, em seus discursos mais longos do que manda o figurino, garantiram em poucos momentos reações vigorosas da plateia. São menos carismáticos e mais técnicos.
O nome governista exibia no palco representantes partidários que indicam um arco mais amplo de alianças, entre eles PMDB, PSB, PCdoB, PDT. Serra tinha atrás dele 200 aliados políticos, mas com uma coligação menos robusta em tempo de TV.
A convenção petista acomodava público de 1.500 pessoas. O local era fechado e comparativamente pequeno. Na de Serra, ônibus traziam cerca de 5 mil convencionais. Os números reproduzem as estimativas oficiais.
José Serra entrou na campanha a partir da bagagem eleitoral e experiência política acumuladas nas últimas décadas. Dilma virou candidata por decisão do presidente Lula.
Apesar das diferenças, há ao menos uma coisa em comum: os dois largam na corrida eleitoral equiparados nas intenções de votos.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello; Edição de Carmen Munari)

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