quinta-feira, 1 de abril de 2010

Regis Tadeu comenta os melhores e os piores show do mês

Todo mês, o colunista Regis Tadeu (leia as colunas dele)comenta a agenda de shows do Yahoo!. Ácido como sempre, o crítico músical dá a dica das apresentações que você não pode perder e os shows que você não deve passar nem perto.

JON SECADA E MARINA ELALI
08 - São Paulo - HSBC Brasil; 10 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
Quem é diabético está proibido de ir a esse show, tamanha é a dose de "sacarose brega" resultante da parceria destes dois seres cantantes - ou melhor, "sussurrantes gritadores", já que ambos desconhecem um troço chamado "bom senso". Se você mesmo assim ignorar o meu conselho, esteja preparado para ouvir uma avalanche canções ditas "românticas" mais fracas que sopa de albergue noturno.

CHARLIE BROWN JR & RAIMUNDOS
09 - São Paulo - HSBC Brasil
O show dessas duas bandas que insistem em arrastar correntes por aí, tais quais dois zumbis perdidos em uma noite suja, promete ser um deleite apenas para quem tem idade mental inferior a treze anos. Para piorar, o que sobrou dos Raimundos vem com o vocalista Tico Santa Cruz, do Detonautas, em um evidente erro de escalação. Meu Deus...

MARIA BETHÂNIA
09, 10 e 11 -- São Paulo - Citibank Hall
Confesso que nunca fui fã da temperamental cantora baiana, mas é preciso reconhecer que esse show novo que ela vem apresentando é muito legal, principalmente por causa do repertório e da extraordinária banda que a acompanha. Até mesmo Bethânia está cantando melhor do que nunca, deixando de lado aqueles maneirismos histriônicos do passado e imprimindo interpretações quase emocionantes. Preste atenção à belíssima "Balada de Gisberta"...

MATISYAHU
11 -- São Paulo - Via Funchal
O cara por si só já é uma figura - um judeu ortodoxo doidão e chapado em reggae -, mas o que é estranho no início logo vira surpresa agradável, já que ele manda muito bem ao vivo. Sua voz é potente na medida certa para dar contornos empolgantes às suas belas canções. A turma do "chinelo cheio de areia" vai ter orgasmos múltiplos; já quem é uma pessoa normal - como eu e você - deve curtir um show bacana.

PLACEBO
13 -- Porto Alegre - Pepsi On Stage; 14 - Curitiba - Master Hall; 16 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall; 17 -São Paulo - Credicard hall
Apesar de o trio vir ao Brasil divulgar um novo disco que ninguém deu bola, os caras costumam tocar bem, estão com um novo (e bom) baterista e as canções antigas vão garantir o resto. Quem gosta do trabalho da banda não pode perder...

SIMPLY RED
16 - Olinda - Chevrolet Hall; 20 - São Paulo - Credicard Hall; 21 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall ; 23 -Rio de Janeiro - Citibank Hall
Já deu, né? Não é à toa que esta é a turnê de despedida do vocalista Mick Hucknall, que nos últimos anos andou perambulando por aí com uma série de músicos contratados. Ninguém agüenta mais ouvi-lo cantando aquelas musiquinhas bem polidas, limpas, sem um pingo de hormônio, típicas para embalar romances entre patrões e secretárias, incapazes de reconhecer o soul de plástico que o ruivo cantor sempre fez. Turnê de despedida, Hucknall? Já vai tarde...

JONATHAN RICHMAN
15 e 16 - Choperia do SESC-Pompeia
Ele foi o líder de uma das mais cultuadas bandas dos anos 70 - Modern Lovers -, mas as apresentações que ele fará no Brasil em nada vão lembrar o seu passado. Armado de um violão e auxiliado apenas por um baterista, Richman vai cantar músicas novas muito chatas e contar histórias que muita gente não vai entender. Vá por sua conta e risco, mas depois não diga que eu não avisei...

MONOBLOCO
16 - Rio de Janeiro - Vivo Rio
Apesar de bem tocado, o som o Monobloco é a extensão dessa onda "o novo samba da Lapa" que o Rio de Janeiro vem tentando levar a outros Estados, ou seja, um troço chato pra cacete, que serve apenas para dar uma aura de intelectualidade a algo que mais se assemelha a uma micareta com pose de grã-fina. Evidentemente, é o show ideal para playboys e pseudogaranhões pegarem umas "periguetes"...

GILBERTO GIL
17 -- Rio de Janeiro - Vivo Rio
Agora que já passou o Carnaval, Gilberto Gil pode parar de fingir que gosta do Asa de Águia e fazer o som que realmente gosta de fazer, tocando músicas bacanas com uma formação inusitada, em trio, com dois violões - um deles pilotado por seu filho, Bem Gil - e o cello de Jaques Morelembaum. Pode comprar os ingressos sem hesitar...

SOCIAL DISTORTION
17 -- São Paulo - Via Funchal
Se a qualidade de som estiver legal, provavelmente será o show do ano! As canções da banda são não menos que sensacionais - se tocarem 1/3 do álbum Somewhere Between the Heaven and Hell, você vai chorar e pular como uma criança de sete anos de idade. Sem contar que o líder do grupo, Mike Ness, é carismático até a medula. Se você gosta de punk rock com influências de country e blues, pode ir sem susto.

RITA LEE
17 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall
Apesar de não ter mais a mesma voz do passado - bom, quem ainda tem? -, a tia Rita ainda tem carisma suficiente para empunhar um repertório entupido de hits, acompanhada de uma ótima banda de apoio. Se ela estiver bem humorada, vai ser um showzão.

MOBY
20 - São Paulo - Pepsi On Stage; 21 -Curitiba - Master Hall; 23 - São Paulo - Credicard Hall; 24 -Rio de Janeiro - Citibank Hall
Se você está pensando em ir ao show do simpático careca para "dançar loucamente até o raiar do sol", pode parar de frescura, pois a apresentação é tudo, menos uma espécie de "rave indoor". Muito pelo contrário, Moby e sua banda enveredam por climas intimistas em diversos momentos do espetáculo, como na hora em que surgem as lindas "Porcelain" e "Why Does My Heart Feel So Bad". Vá preparado para ouvir belas canções e até mesmo dar uma chacoalhada no esqueleto, mas com moderação...

VANESSA DA MATA
20 - Belo Horizonte - Chevrolet Hall
Taí um daqueles shows que deixam todo mundo com sorriso no rosto e com vontade de cantar as músicas. Esqueça bobagens como "Ai Ai Ai". Há uma delicadeza brejeira na voz de Vanessa que funciona perfeitamente dentro de suas canções. Suas apresentações são sempre corretas, com banda afiada e direção segura. É uma boa pedida para quem quer impressionar a(o) parceira(o) recém-conquistada(o)...

KORN
21 -- São Paulo - Credicard Hall
Tudo bem, você pode até manter a ojeriza contra aquele troço que foi batizado como "nu metal", mas se deixar de assistir a esse show, vai deixar passar uma ótima oportunidade de ver uma banda afiadíssima em cima do palco. Quando abriram os mais recentes shows do Ozzy Osbourne aqui no Brasil, os caras arrebentaram, com uma consistência sonora espantosa - preste atenção especial ao monstruoso baterista Ray Luzier. Se deixar de lado o preconceito, você vai se divertir muito...

MEGADETH
24 - São Paulo - Credicard Hall
São quatro os maiores motivos para você ir a este show: 1) a promessa da banda em tocar o disco Rust in Piece na íntegra; 2) a volta do excelente baixista Dave Ellefson; 3) a eficiência técnica de seus integrantes; 4) a possibilidade de ouvir algumas canções do mais recente disco da banda, o ótimo Endgame. De resto, você vai ter que torcer para Dave Mustaine estar de bom humor e se resignar com o fato de que ele continua cantando como uma criança de doze anos que acabou de engolir uma bexiga cheia de ar. Para bater cabeça, até que está bom...

BELO
30 -- Rio de Janeiro - Citibank Hall
Sempre achei que o Belo foi preso pelos motivos errados: quem "canta" as "músicas" que ele mostra nos shows não merece outra coisa senão passar um bom tempo tomando água de caneca e tendo duas horas de sol por dia. Uma verdadeira aberração para quem gosta de samba, Belo personifica o que de pior o tal "pagode" propiciou. Se bem que ele, perto de barbaridades como o Grupo Molejo, poderia ser considerado o Seal. Mas isso já é uma outra história...

NANDO REIS
30 -- São Paulo - Credicard Hall
Dono de uma carreira respeitada, o ex-Titã sempre alternou shows bacanas com apresentações claudicantes. De uns tempos para cá, ele adquiriu uma estabilidade harmoniosa em cima do palco e suas apresentações ganharam corpo e eficiência. Tudo isso, ao lado de boas composições e de uma banda muito boa, faz com que esse show seja um bom programa a se conferir.

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